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  • Foto do escritorCarolina Umbelino

A Rabeca Brasileira: possíveis origens


Pesquisando sobre as origens da rabeca brasileira cheguei ao artigo de Juarez Bergmann Filho, "A Rabeca Brasileira: reflexões, conceitos e referências", sobre o qual vou falar um pouco aqui.


A rabeca está presente de norte a sul do Brasil, vide o site rabeca.org que, como eles mesmos afirmam, "tem como objetivo disseminar, colecionar e preservar informações sobre a rabeca brasileira e portuguesa, o rawé (ravé, rabé, rabel) guarani e outros instrumentos de cordas friccionadas semelhantes artesanais". Eles apresentam um mapa interativo onde se pode acessar "gravações, fotos, textos, partituras e vídeos".


Como será então que este instrumento ainda, e cada vez mais, tão presente em nossa cultura chegou ao Brasil? Bergmann Filho parte da ideia de que a rabeca brasileira deriva do violino, levado pelos portugueses e então adaptado em termos de materiais e construção, pelos artesãos locais. Ele afirma que "há evidências suficientes para conectarmos a tradição da construção de rabecas àquela dos primeiros violinos europeus (chamados de barrocos)" (p.697, 2013).


Ele assinala que nos 500 anos de existência do violino, sua disseminação foi grande, muitas vezes substituindo instrumentos tradicionais de culturas de diversas regiões (Bergmann Filho, p.699, 2013). No entanto, no Brasil o tocador de rabeca muitas vezes é o construtor do seu próprio instrumento; isso fez com que a rabeca fosse criando uma identidade própria em nosso país e não desaparecesse, convivendo com o violino que ficou mais ligado, mas não exclusivamente, à cultura "erudita".


A pesquisa do musicólogo americano David Boyden sugere que o violino é um "instrumento musical com o corpo da Lira da Braccio e as três cordas afinadas em quintas da rabeca medieval" (Bergmann Filho, p.700, 2013). Para chegar a essa definição ele classificou os cordófonos de arco em dois grupos:

- FIDDLES: corpo construído em formato de oito, com tampo e fundo colados separadamente e um braço anexado. Ex: violino, Lira da Braccio, vielles renascentistas e medievais, violas da gamba, vihuelas, etc.

Nas imagens a seguir, à esquerda um violino e à direita uma Lira da Braccio.



















- REBECS: corpo e braço do instrumento em formato de pêra, construído a partir de um bloco de madeira escavado e com um tampo de couro de animal ou madeira colados a este corpo. Ex: rabecas medievais, derivadas dos rebabs árabes; Rebel, espanhol; Gadulka, búlgaro; kemenche, turco; etc. (Bergmann Filho, p.701, 2013).



Nesse sentido, nossas rabecas se assemelham muito mais a fiddles que a rebecs e, portanto, se aproximam dos violinos.

No que diz respeito à origem do vocábulo "rabeca", Bergmann Filho (p.702, 2013) aponta que "a etmologia da palavra pode nos dirigir hoje a um artefato musical do período medieval, conhecido pelos franceses como rebec (...) de fato um instrumento do período medieval europeu de origem árabe, com suas raízes no rebab (também chamado de rabab, rebaba ou rubeba)". Porém, o autor chama atenção para o fato de que até meados do século XX o violino era chamado de rabeca, tanto no Brasil como em Portugal, sendo os violinistas chamados de rabequistas (Bergmann Filho, p.704, 2013).



Pelas semelhanças na forma e pelo uso da palavra rabeca para se referir ao violino, pode-se sugerir fortemente que a origem da rabeca brasileira está mesmo na apropriação dos artesão populares pelo violino.




Referência: BERGMANN FILHO, Juarez. A Rabeca Brasileira: reflexões, conceitos e referências. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 5., 2013, Curitiba. Simpósio. Curitiba: Esocite, 2016. p. 696 - 706. Disponível em: <http://rabeca.org/pdf/bergmann.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2018.


Imagens retiradas da internet.

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